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Poesia 21

Tradição

Ainda bem que as percepções são individuais
mesmo que compreendidas coletivamente
em certos momentos.

Da Tradição acadêmica de Coimbra
individualizo o pensamento e o sentimento
Há Tunas
com mesclas femininas e masculinas
e o Orfeon com as suas e os seus coralistas.

Há o Ateneu e há o Teatro de Bolso.

Coimbra respira Cultura
uma Cultura captada
em RUC, TVAAC e A CABRA.

Coimbra dos convívios
das Moradias e Repúblicas
oh Baco! oh Égua!
pura festa.

Coimbra pode ser mais
sem superioridade
sem os costumes estudantis discriminatórios
sem essas formalidades estudantis medievais.

Wanderson Rocha

Poesia 20

Mundo personalizado

Meu mundo é uma desregulação
sensações virtuais de BH
sensações reais de Coimbra
presença e solidão.

Um mundo
às vezes meu
às vezes nosso
profundo.

De agito e de calma
de conversas e de silêncios
de escutas e de leituras.

Reconhecido e desconhecido.

Pessoal e Impessoal.

Personalizado.

Wanderson Rocha

Poesia 19

Tempo

Uma chuva incessante
cai em Coimbra e em BH
isso tudo ao mesmo instante.

Redes virtuais
distâncias aproximadas
ou melhor
sensações encurtadas.

São conversas
são sorrisos
emoções nas palavras
sentimentos nos pedidos.

Desejo compartilhado
por um tempo acelerado...

Wanderson Rocha

Poesia 18

Localismos Poéticos

Não quero os versos globalizar...
Mesmo que a partilha seja universal
são poesias para inspirar
são sensações de cada local.

Os versos são simbólicos
e os locais inspiração.

Seja Belo Horizonte
Seja Coimbra
cada uma apaixonante
em cada verso minha vida.

São Localismos Poéticos
de um poeta em Almedina
com os Amores no Céu Azul
e as saudades na escrita.

Wanderson Rocha

Poesia 17

Saudades

Das poucas certezas desta vida
sei que não há saudade
mas saudades...
Será que conseguimos mensurá-las?

Existem maiores e menores?
O tempo pode ser uma base?

Não importa.
Indago saudades
Saudades!

Estádio Municipal de Coimbra
ou Governador Magalhães Pinto?

Galo
ou Briosa?

um Rio
ou uma Lagoa?

Parque Ecológico da Pampulha
ou Verde do Mondego?

Igreja de Santa Cruz
ou São Francisco de Assis?

Não existem verdades
nem comparações
São saudades e mais saudades...

Wanderson Rocha

Poesia 16

Um dia frio

Ao sair da Economia
levo um sopro muito gelado
igual ao sentimento de não te ter ao meu lado.

Acelero o compasso depois do antigo Liceu de Coimbra
e penso em como me esquentar sem a tua companhia.

No parque da Quinta de Santa Cruz
sinais de um temporal
vento à velocidade luz
me aconchego no Tropical.

Como de costume,
um excelente som ambiente,
com exceção de cada fumante
e são muitas e muitos a cada instante.

Após a apreciação de um bom moscatel
enfrentei o gélido céu.

Pensamento adiante.
Opto pelos 125  degraus das Monumentais
respiração ofegante
e eu te querendo mais... e mais...

Sigo...
bem depois do Dom Dinis,
à direita das Letras,
Sé Velha (...) enfim.

Desço o Quebra-Costas
e saio na Fernandes Tomás.

chego...

Banho quente
sem a tua presença,
cama fria e a tua ausência.

Wanderson Rocha

Poesia 15

birra

êta, êta, êta menina teimosa
deixa papai saber que ficou manhosa
levanta, levanta, levanta, levanta já dessa cama.

ah não mamãe, só um pouquinho
deixa eu descansar meus olhinhos
hein mamãe, só um bocadinho.

êta, êta, êta menina teimosa
deixa papai saber dessa história
levanta, levanta, levanta já dessa cama.

a gente vai pra Portugal dos Pequenitos?
hoje eu quero ver meu papaizinho lindo!
liga o computador,
liga por favor...

mas que menina teimosa
mas que menina manhosa
vou ligar... vou ligar...
só depois que se levantar.

tá bom.... tá bom...
mamãezinha do meu coração!

Wanderson Rocha 

Poesia 14

Sucinto

Não me pergunto
ao exclamar não pondero
amo você e ponto final.

Wanderson Rocha

Poesia 13

Virtualidade

No passado a carta era um sinal de esperança.
No passado o telefone diminuía a sensação de distância.

Hoje, te vejo, te escrevo, te falo e escuto,
tudo ao mesmo tempo.
Belo Horizonte e Coimbra.
Mondego e Pampulha.

Tenho esperança,
mas definitivamente, dispenso a sensação de distância!

Wanderson Rocha

Poesia 12

Constrangimento

Ei!

Olá!

Aqui!

Oi?

Ei!

O que foi?

Pensei que não ia me ver. Bem disposta?

Que vergonha...

Wanderson Rocha

Poesia 11

mente/sempre


Anticonstitucionalissimamente
mente
constitucionalística
estudante
constitucionalidade
sempre
constitucionalismo
mente/sempre
constitucionalizar
sempre
constitucionalista
mente
Constituição
sempre
constituinte
mente
constituidor
mente
constituir
sempre...
sempre!?
sempre.

Wanderson Rocha

Poesia 10

Refreamento

Acordei bem,
pé esquerdo,
água fria,
limpeza matinal.

Pequeno almoço,
leituras e mais leituras...
como é habitual.

Intervalo.
Abro a portal azul
após descer a escada de madeira,
exatamente 37 degraus!

Inspiro...
Belo dia!
Mas ao virar à esquerda da Fernandes Tomás
para Joaquim António de Aguiar:
muito mal... muito mal...

Fui arrastando o tênis direito,
arrastando e esbravejando internamente:
que animal... que animal...

Não acionei o policial.
Não podia correr um risco:
de ficar com o cachorro ao prender o animal...

Wanderson Rocha

Sem nenhum b

Poesia 09

Promessa 2

Quando partirem de Confins,
em voo direto,
vou dormir,
vou acordar.
Sonho,
insônia,
ficarei inquieto!

Quando chegarem a Lisboa,
prometo cheirar, abraçar e beijar.
Da estação Oriente a Coimbra
só quero escutar e olhar.

Minhas:

Flor Bonita,
África;
Deusa da caça,
Roma.


Amo... amo... amo... amo... amo...
Como é bom amar vocês!
Amo... amo... amo... amo...
É bom amar vocês!
Amo... amo... amo...
Bom amar vocês!
Amo... amo...
Amo vocês!
Eu amo
Vocês.

Wanderson Rocha


Poesia 08

Promessa

Quando saires de Confins
prometo ficar dez horas dizendo:
te amo... te amo... te amo... te amo...
Mas digo-vos que estou preparado para os atrasos
te amo... te amo... te amo... te amo...

Quando chegares a Lisboa
prometo, depois dos beijos,
depois das lágrimas
e dos abraços...
que durante a estação Oriente a Coimbra,
de forma espaçada para não te cansar,
ficarei a te olhar e a sussurrar durante as duas horas:
te amo... te amo... te amo... te amo...

Oh, Deusa da caça,
diferentemente,
renunciastes a renúncia do casamento,
o Mondego será o Nemi,
o Tzero, da Fernandes Tomás, o Aventino.
E eu continuarei te amando... te amando... te amando...


Wanderson Rocha

Poesia 07

Sem medo

Resolvi ter coragem.
Após anos e anos (re) escrevendo
e no final: a rasgar... a rasgar... a rasgar...
talvez fosse a limitação na periferia da Pampulha.

Era um medo sem igual!
Medo das ideias desaparecem no esquecimento,
Medo das palavras amarelarem nas estantantes,
Medo de apenas ser lido pelo próximo,
De me encontrar num Alfarrábio... num Sebo!

Em Coimbra incorporei certa liberdade,
As águas do Mondego abrandaram a aflição,
o Parque...
cada Beco inspiração!
E cada estória um aroma da ancestralidade,
visíveis na invisibilidade das construções...

Estou preparado... acredito!
Não me importa as páginas amarelas,
quem sabe ouro num garimpo alfarrábico.
É bom saber que o próximo me fortalece!
Quem sabe os Historiadores...

Por fim,
não obstante,
de agora em diante
não deletarei as ideias.
Os pensamentos serão públicos,
instigantes e levemente incessantes!

Wanderson Rocha

Poesia 06

Retornar



Quanto tempo parado,
Desperdiçado, não sei!
Ou sei?
De agora em diante quero craniar,
Imaginar o poeta em toda a sua fulgência ...
Vou ser púgil!
Lutar, lutar, lutar ...
para não me adormecer em outro instante
e deixar de pouco sonhar!

Quero ser pueril sem purismo,
palavras com um pouquinho de pudico
e de vez em vez as palavras soçobrar!

Quero engendrar os poemas
sem podê-los sofrear!
Arquitetar um plano poético
para salvar-me,
socorrer-me
da possível paralisação dos devaneios!
Encontrar uma saída
para fomentar as minhas inspirações!
Ou seja,
Não me esconder de mim mesmo!


Wanderson Rocha


Poesia 05

Distância


Quero relembrar alguns momentos...
dias intensos, dias cheios de energia!
Não quero aqueles sofrimentos...
apenas quero um pouco mais de alegria.
apenas quero um pouco mais de vida,
e que bem distante fique a distância...

Mesmo que as milhas sejam reais.
Mesmo que o oceano nos separe.
Não perca os ideais
simplesmente me abrace...

Que o tempo não dê tempo, voe...
Acelere, apresse meus deveres.
Para que numa bela noite
se encontrem os nossos prazeres,
se juntem os nossos cheiros,
se unam os nossos beijos!

Wanderson Rocha

Poesia 04

Devaneio

Ao descer a Fernandes Tomás parei defronte ao Arco de Almedina.
Por cerca de quarenta segundos...
Penso que foi mais ou menos isto.
Fechei os olhos e inspirei profundamente...
Liberei o ar quente!
Imaginei:
Quem sabe, ao traspassar a Torre, chegarei à Radialista Romeu Barbosa...
Casa Verde! A Casa Verde! O campo do Céu Azul!
Visualizei umas imagens embaçadas...
Acelerei o compasso...
um ritmo intenso...
ritmo intenso...
intenso...
tenso.
Desvario,
delírio.
Era a Ferreira Borges.
Mais perto do Mondego.
E milhas e milhas da Pampulha.

Wanderson Rocha

Poesia 03

Costumes diários

Hoje,
pela manhã,
 um som irritante,
mas realmente essencial,
são necessários três momentos,
Oito menos dez, Oito, Oito e um quarto!
Esticar os braços e os pés...
pé esquerdo e pé direito no tapete verde,
mãos quentes esfriam rapidamente,
olhos cerram-se ao encontro do frio,
mudanças de hálito e cabelo arrumado!
Na abertura da parede uma claridade e o ar natalino...
Esquento a esperança para o tempo não paralisar...
Para o tempo voar... acelerar....
As imagens coladas na parede fortalecem...
esquentam a alma e amenizam a saudade!
Desjejum às nove...
leituras e leituras, quando a agenda não sobrepõe.
Intervalo,
Vou do terceiro à saída,
Fernandes Tomás (Junta da Almedina),
Sé Velha de Coimbra,
Bigorna,
Sé Nova de Coimbra,
Refeição no Hospital Velho.
à noite, o mesmo, porém, nas Amarelas!
Como de costume: sempre uma laranja doce!

Wanderson Rocha